[Resenha] Cartas Para Uma Falsa Dama - Carol Townend

Ainda recém-casado, o conde Tristan deixou sua esposa para defender o ducado da Bretanha. Dois anos se passaram desde a última vez que Francesca vira o belo rosto do marido. Durante todo esse tempo, ela escreveu incessantemente para Tristan, mas não recebeu resposta. Nem mesmo após descobrir que não era a filha verdadeira do conde Myrrdin. Aflita, ela esperava receber o pedido de anulação do casamento a qualquer momento. Porém, quando Tristan retorna, Francesca percebe que não é a única assombrada por segredos do passado.

Carol Townend │ Editora Harlequin │ 253 páginas

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Francesca des Iles é uma jovem que casou-se muito cedo, aos seus 16 anos, e agora, com 19, ela enfrenta uma grande batalha em sua vida. Seu marido, Conde Tristan, não responde suas correspondências há dois anos, desde que fora defender o ducado da Bretanha. Recentemente, Francesca descobriu que não é filha do Conde Myrrdin, embora tenha passado toda a sua vida sendo tratada como uma. O horror de não ser filha legitima e ter se casado sob essas circunstancias tomou conta de Francesca, fazendo com que ela fosse embora de Fontaine. Indigna, era como nossa protagonista se sentia. Aliás, o que Tristan pensaria ao descobrir? Talvez por isso ele não respondia suas cartas? Teria se arrependido do casamento? Essas incertezas penetravam o peito da jovem, deixando-a aflita e decidida a romper seu relacionamento com o Conde.

"Uma parte de Francesca ansiava por acreditar nele, ao passo que a outra parte, a parte que chorara amargas lágrimas pela tortuosa morte do casamento deles, tinha medo. Amar Tristan fora algo que acontecera muito facilmente, e isso se transformara em cinzas com igual facilidade. Eles poderiam mesmo recomeçar do zero?"

Tristan des Iles casou-se com Francesca interessado nas terras de seu pai, que eram vizinhas as suas. Como ele precisava de uma esposa e herdeiros, além das terras, ele viu na jovem uma chance de progredir. É claro que, após se conhecerem, o casal sentiu uma bela atração, que futuramente poderia até se tornar em algo maior... caso Tristan não tivesse que se afastar para prestar serviços á Coroa. Isso não diminuiu o que Francesca sentia por seu marido, é claro, mas apagou qualquer chama que estava acendendo dentro deles. 

Ao voltar para casa, Tristan foi pego de surpresa ao ver que Francesca não estava no lugar onde ele havia a deixado, mas em um baile de máscaras. Não demorou muito para que Tristan aparecesse nessa festa, muito furioso, aliás. A insegurança o torturava a cada passo andado atrás de sua esposa. Francesca não havia respondido nenhuma das cartas que ele enviara para ela nesses dois anos longe. Nenhuma! O que poderia ter acontecido para que ela não lhe respondesse? Era isso que o Conde estava focado em descobrir. 

Mas, devido as circunstancias, Tristan acaba deixando isso de lado para lhe dizer o real motivo por ter estar de volta: ele recebera uma carta anunciando que o pai de Francesca estava em seu leito de morte e desejava a presença da filha. Por mais que o Conde não seja seu pai legitimo, a jovem se sentiu completamente arrasada, desejando encontrar-se com ele o mais rápido possível. A partir desse momento, a história começa de verdade, com seus altos e baixos. 

Vários motivos me incomodaram durante a leitura, a falta de comunicação sobre os próprios sentimentos, duvidas e incertezas entre si foram as causas principais para mim. É compreensível, levando em consideração o que aconteceu no tempo em que permaneceram separados, porém se eles tivessem conversado antes teriam poupado muito tempo e tornaria a leitura menos maçante. Mas, como eu disse, o livro tem seus altos e baixos e, felizmente, tudo vai entrando nos trilhos. 

Para a nossa felicidade, Francesca e Tristan se resolvem assim que voltam para a Bretanha, conversando sobre as, respectivas, cartas e a falta de nobreza e dote da jovem. É óbvio que Tristan não aceita se separar, surpreendendo a si mesmo com o desejo imensurável de permanecer ao lado de Francesca. 

Por mais que a insegurança, em especial da Francesca, tenha atrapalhado muito o desenvolvimento do casal, no decorrer do livro, os personagens percebem que há muito mais entre eles do que  apenas uma atração, tornando a história mais atrativa e empolgante, prometendo ao leitor uma história de amor de deixar o coração disparado.

O livro cumpre o que promete, muitas vezes nos vemos quase pulando de euforia pelo casal ou quase indo para o hospital com um infarto de tanta raiva, mas isso é normal dos livros. O que seria de uma história sem um pouco de raiva, não é? Mas, devo informar, que Cartas Para Uma Falsa Dama é bem surpreendente, o que nos faz ficar lendo para ver o que vai acontecer. 

A narração é em terceira pessoa e, embora seja bem escrito, é uma pena que não seja tão boa quanto o enredo. Muitas vezes nos pegamos entediados pela repetição excessiva da narração, a falta de humor que vemos tanto nesse tipo de romance e a falta de leveza. Eu não diria que é uma escrita muito ruim, pois não é, mas com certeza não é ela que prende o leitor ao ler o livro e, sim, a história misteriosa, dramática e romântica.

“Ela afetava seu julgamento, é Tristan não podia permitir isso. Era um conde e possuía responsabilidades. Emoções eram perigosas, emoções destruíram vidas. Permitir que uma emoção forte se arraigadas significava mandar às fracas o bom julgamento.”

Não ouso dizer que Cartas Para Uma Falsa Dama se tornou meu romance favorito, de longe é, mas gostei bastante da história e do modo como ela caminhou para o final, que foi bem surpreendente. Indico esse livro para quem gosta de livros com personagens cativantes, ação, drama e um belo romance. 

A Editora Harlequin arrasou nessa edição, com acabamentos perfeitos, capa em brochura, sem erros de ortografia e o tamanho das letras é razoável para a leitura. Sem contar que a capa contém toda a delicadeza de Francesca e representações da época.